segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ritual de Iniciação

Entre um cigarro e outro
nós nos aproximamos,
em silêncio estamos
alcoolizados e nus

Desejosa você põe
minha mão entre tuas coxas,
meus dedos sentem tua pele,
planície quente e lasciva

Num revirar de olhos
tu esqueces quem sou
no sexo a igualdade é plena,
somos todos bichos no cio

Dentro do teu corpo macio
tu me inicias com ternura,
entre teus seios me corrompo
no pecado mais divino que existe.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Dom Quixote

Teus cabelos arredios,
tua silhueta excitante;
várias garrafas vazias
esquecidas na estante

Teu corpo quente
docemente adormece
num abraço dolente
enquanto meu peito lhe aquece

Minha cabeça instável
em teus seios se equilibra,
num prazer inimaginável

Quisera enriquecer meu mote
para te manter mais atenta em mim,
mas eu sou um pobre Dom Quixote...

sábado, 4 de outubro de 2014

Sutil Jogatina

A verdade encontra-se em cada carta
que se joga astutamente sobre a mesa,
basta virá-la na posição exata
e utilizá-la com destreza.

Faz-se uma canastra limpa;
não a suje, poupe teu coringa
para quando surgir a Hipocrisia,
despida de seu manto de ironia.

Salve tua mão antes do fim,
bata e pegue o morto
não seja absorto!
distrações são as piores armadilhas

Agora olhe nos olhos de teu comensal,
pois neles moram terríveis traições;
é a tua chance de vencer no final
arrancando do outro fracassadas exclamações

Tua vitória está ao teu alcance
agora é a hora certa de ludibriar
use tua lábia, quebrando a banca num lance,
e vá embora altivo, sem olhar para trás.

















Pintura: "The Card Players" (1894-95), Paul Cézanne.

Spleen e cigarros

O que mais me entristece ultimamente
é a falta da tua presença marcante,
que me acalmava de um jeito dolente
me entretendo com tua silhueta excitante

Meus dias reduzem-se a nada;
entre cigarros e inércia adoeço,
vitimado por minha paixão rejeitada
cujo vácuo em meu âmago não esqueço

Abro as janelas, e a luz intensa
que invade meu cômodo omisso
só faz reavivar a crença
da divindade de teu sorriso

Nada que eu faça para entreter-me
pode varrer de mim a sensação
de teus beijos doces a derreter-me
que só fermentavam minha ilusão

Só me resta sozinho esperar
pelo dia em que voltarás sorrateira,
disposta a minha solitude esmagar
assim que entrares por minha soleira

E enquanto não sinto teu ser
se aproximando dos meus sentidos,
fumo, esperando te ver
plena, em meu infinito esquecido.