quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Rubra Rosa

Agora estás a rir,
deves dar graças a Deus
de eu ter acabado de ir,
ter se livrado do amor meu.

Cuspiste em meu coração
dizendo que já estás com quem gostarias,
rindo da minha paixão:
"Meu coração a ti nunca daria".

Vá, curta essa "felicidade"
com seu íncubo desgraçado,
que anda pela cidade
te traindo com outros barrados!

Passando em frente à tua casa
reparei cinzas no chão:
é aquela rubra rosa
e os pedaços do cartão.


De como a paz voltará à Terra-Média

Na Terra-Média um poder vai se levantar
Depois de muito tempo adormecido
Com o auxílio de Elrond uma caravana vai enfrentar
Sauron de Mordor, o terror enegrecido.

Valorosos homens e anões também irão
Acompanhando elfos e hobbits de prontidão
Todos juntos focados numa só missão:
Destruir o Um Anel e derrubar de Mordor o portão.

Honrarão antigos nomes com destreza
Com coragem enfrentando o inimigo,
Varrendo de vez a sombra da tristeza.

E assim sendo, criaturas de todo lugar
Seja homem, seja anão, seja elfo do Além-Mar
Terão a merecida paz que arquitetaram os Valar.


Súplica de um eterno amante

Minha querida, não me abandones
Não me deixes sozinho,
Sem ti minhas noites são insones
E cruéis os dias sem teu carinho

Por favor não vá embora, coração,
Fique sempre a meu lado
Sei que errei, e imploro teu perdão,
Sou humano, e o engano é meu fado

Pense no que juntos construímos
Cada conquista, cada sorriso,
Os prazeres que sentimos,
Nada merece ser esquecido

Sempre foi teu o meu amor
Uma aventura não o roubará
Não deixes que isto vire uma dor
Pois a discórdia não nos poupará

Escuta meu conselho, amor meu,
O passado não é relevante
Para sempre serei teu
Pois de tudo que existe na Terra,
És o que há de mais importante.




quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Escravidão e Vassalagem

A falsa rainha grita:
"-Estala o chicote, estala o chicote!"
E a multidão incita:
"-Tudo fricote, tudo fricote!"

Enquanto o sangue jorra
Desforra! Desforra!
E nesta negra gaiola
A pele esfola! A pele esfola!
Ordenam os parvos:
"-Trabalhem escravos! Trabalhem escravos!"

Já não aguentamos mais
Ninguém ouve nossos ais!
Assim não dá pra continuar
Nós iremos nos matar!

Tudo o que fizermos
Não é suficiente pra agradar
Por mais que nos esforcemos
Há sempre alguém pra criticar

Saibam vocês que somos gente
E não existe perfeição
Corre em nossas veias sangue quente
Não suportamos escravidão!

Não há motivo pra se preocupar,
Pra qualquer missão somos assaz capazes,
Conosco não precisam se incomodar
Só pedimos que nos deixem em paz!










Hiato

Escolheste teu caminho,
a vida escolheu o meu
que é viver sozinho,
meu coração longe do teu

Cada vez que dás um sorriso
sei que por mim não há de ser,
isto para mim é um aviso:
"Ao mundo dela não poderás pertencer"

Em um futuro não muito distante
vejo meu fim afinal,
por isso tiro da estante
convites do meu funeral

Teu retrato pelo tempo apagado
será meu leito de morte,
meu cadáver encurvado
lembrará a minha sorte

Quem sabe em outra feliz era
poderemos juntos viver,
pois meu futuro a Deus pertence
e meu presente teu há de ser.







Apple Martini

Mas que incrível natureza
essa que desponta no horizonte,
um cenário de beleza
que jorra tal qual água da fonte.
Água que bebo sem parar,
porém seu gosto doce
me faz a doçura de uma mulher lembrar

Quanto mais água bebo
mais fico entorpecido
por ter na mente a lembrança
de ter por ela adoecido

Bebo mais e mais
e a vejo em minha mente
pensando que o amor que sinto
por ela, igual ninguém sente

Me encharco na água fria
e a vejo a meu lado
com uma taça dourada nas mãos,
cabelos ao vento
e os olhos fitos em mim

Levanto-me com dificuldade
ficando a ela defronte
e á taça que me estendeu;
aceito e tomo vorazmente
mas sinto em minha língua
um gosto diferente

"É o veneno do meu olhar"
diz ela cruelmente

Vendo-me cair no chão,
gargalha ironicamente
e vai embora levando consigo
minha alma, coração, sangue e lágrimas
para poder alimentar-se

Vendo distanciar sua imagem,
parto para outra existência.
A fonte secou
e eu também.




terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Distante dos olhos

Das mulheres que encontrei
Através do meu desejo,
Reconheço em teu olhar
Aquilo que sempre quis

Divina é tua gargalhada
Encanta minha poesia.
Mesmo distante de ti,
Ideias me vêm à mente
A respeito do teu corpo
No meu, em sinestesia

sábado, 20 de dezembro de 2014

Amor Líquido

Na calada da noite
no escuro de um quarto,
me encontro sozinho
a fitar teu retrato

Cada cigarro é uma lembrança
de tempos remotos,
da minha época de criança
do nosso primeiro voto

Tudo neste ordinário ambiente
possui um significado
parece-me que há algo ausente,
que ficou no passado

Existe, sim, algo ausente:
o teu perfume agridoce,
tua boca fremente
e teu olhar doce.

Tu foste como o vento
em minha vida parva;
sem querer, calaste meu lamento
sem proferir uma palavra

A fluidez da tua emoção
banhou minha vida de sentido
e inundou-me de ilusão,
justo eu, um homem tão lido...

Entre os lençóis éramos completos,
envolvidos em silêncios tão ruidosos
sem edificar nenhum projeto
por entre abraços tão sestrosos

Chegaste sem apresentações
e foste embora sem despedidas,
deixando-me à mercê de mim mesmo
nessa rotina tão cansativa

Um dia, a realidade chegou sorrateira
em uma aurora deveras cinzenta,
acordei no leito, sem minha companheira:
é o vento que enfim se dissipa.











Déjà - Véanus

Aprecio teu rosto,

enquanto tu sorris
do teu altaneiro posto
de mulher desejada

Almejo a curva bailarina
do teu sorriso amigo,
e a maciez feminina
do teu ventre juvenil

Tua distância me tortura
em tão próxima amizade,
delírio da minha loucura

Como numa roda-viva
a história se repete.
Minha solidão uiva.







quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Só nos dois no salão.. e esta valsa

      A madrugada chega sorrateira, escurecendo cada canto do salão de dança, engolfando os casais num jogo de sombras. A lua se ergue ao seu apogeu, redonda e lasciva, iluminando com sua luz notívaga os olhos das mulheres faceiras.
     Já é tarde, as horas se perdem no ritmo envolvente da Valsa, e morrem na cadência pungente do Tango. Aos poucos, todos vão embora e só nós continuamos rodando no mármore do salão. O único casal, dançando no eco de uma orquestra cansada. Teus olhos desfocados sorriem inocentemente, disfarçando a angústia do teu coração e a fadiga dos teus pés pequenos, trôpegos. Tuas mãos trêmulas tocam meu rosto como tocam uma rosa, apreensiva de encontrar, distraída, um espinho.
     Em meio à fumaça dos cigarros, suspensa no ar, tu me beijas com a culpa de um condenado à morte. Lábios desesperados, peito arfante. "É a valsa que tu ouvias em nosso aposento, enquanto eu te traía ao som de um tango, na despensa."
     Dito isso, ela se desvencilhou de mim, em lágrimas, e em passos rápidos foi embora sem rumo. Nunca mais a vi, nem ouvi seu nome de bocas alheias.
     Vomitei, pedindo ao bandoneon que tocasse "Mano a Mano".


domingo, 14 de dezembro de 2014

Dara

Tu estás de mim tão distante
não consegues minha voz ouvir,
mas à noite, no mesmo instante,
a lua cheia que eu admiro
é a mesma que te faz sorrir

Teu olhar penetrante e macio
é um convite às tuas carícias,
mexendo com meu brio
com teus beijos e tuas delícias

Vamos logo executar
nossos desejos infernais,
quero da tua seiva provar
em atos pagãos e carnais
dentro de ti.

Acende teu cigarro amargo
na brasa do meu corpo insano,
beije-me enquanto estamos quentes
ame-me enquanto estamos vivos.


























Modelo: Dara