terça-feira, 24 de novembro de 2015

Labuta

Dorme a noite em seu leito de sonhos desfeitos
Feito o navio que de tão brutalmente imenso
Não se esparrama nos laguinhos diversos
Onde a vida ferve em sorridentes sonhos
Que acalentam o desespero cego
De quem só enxerga a luz de fora
E apaga a de dentro.

Boceja a noite em seu leito de letargia
Onde crianças amarrotam os lençóis
E ronronam fantasias impossíveis
Sobre um mundo de impossíveis verdades
Crianças que veem cores e matizes
No vento e se deixam levar pela brisa
Rumo ao tudo que constroem
A partir do nada que sabem

Acorda a noite num aquecido embalo
Que seca os lagos docemente
Faz suar as crianças imaginárias
Que despertam seus amigos concretos
Iniciam sua roda-viva perene
Impulsionam a roda-viva dos pais
E vivem na dialética solar
A ansiar pelo repouso que não virá.

















sábado, 7 de novembro de 2015

Epitáfio

Morre a luz que me alumia
o coração sem futuro:
sina triste tem no escuro,
cego por paixões vazias.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sensorial

A saliva decantada
De uma boca tão lasciva
Goteja na carne viva
Da vontade incendiada

Os membros estão em transe,
Sentem a respiração
Dos olhos em efusão

A voz terna reconhece
A própria predileção
Arfar com sofreguidão,
E dela não mais se esquece

Aqueles lábios sutis
Nos meus lábios pueris
Criaram a epifania.







(Penetre um título)

Marejado olhar
De brilho embaçado
Cinza como o mar
Revolto e cansado
A quebrar nas rochas
De tons perturbados,
Como a tua rocha
Entre os seios magros
Úmidos das lágrimas
Caídas dos olhos
A chorar por mim
A gozar por mim
Destilada seiva
Pungente demais
Pra quem enrijece
Corações alheios
Em lugar do falo.




















Imagem: Tumblr "Draws-Art"