No
âmago quente da noite
fervem
desejos inconfessáveis
de
indivíduos ordinários
envoltos
na luz incerta
e
amarelada dos bares;
cada
qual em seu simulacro
de
paixões enfumaçadas
pelos
cigarros consumidos
ad
infinitum.
Em
cada cinzeiro repousam
memórias
compartilhadas
por
cada coração errante
que
senta-se à mesa;
em
cada copo, o reflexo
turvo
de uma realidade
insípida,
digerida
somente
com o auxílio
do
álcool.
Mas
apesar do vazio
todos
sorriem de canto
à
pretensão de terem
outra
identidade amanhã
em
seus escritórios
pequenos
e padronizados;
e
em seus lares silenciosos
onde
enfim encontram
a
paz necessária.