no escuro de um quarto,
me encontro sozinho
a fitar teu retrato
Cada cigarro é uma lembrança
de tempos remotos,
da minha época de criança
do nosso primeiro voto
Tudo neste ordinário ambiente
possui um significado
parece-me que há algo ausente,
que ficou no passado
Existe, sim, algo ausente:
o teu perfume agridoce,
tua boca fremente
e teu olhar doce.
Tu foste como o vento
em minha vida parva;
sem querer, calaste meu lamento
sem proferir uma palavra
A fluidez da tua emoção
banhou minha vida de sentido
e inundou-me de ilusão,
justo eu, um homem tão lido...
Entre os lençóis éramos completos,
envolvidos em silêncios tão ruidosos
sem edificar nenhum projeto
por entre abraços tão sestrosos
Chegaste sem apresentações
e foste embora sem despedidas,
deixando-me à mercê de mim mesmo
nessa rotina tão cansativa
Um dia, a realidade chegou sorrateira
em uma aurora deveras cinzenta,
acordei no leito, sem minha companheira:
é o vento que enfim se dissipa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário