sábado, 18 de abril de 2015

Poema Subjuntivo

Ver-te solta em si
Sorrindo sem me notar
É algo sublime;
Sublima minhas certezas
Na enfumaçada embriaguez
Do meu vigésimo cigarro.

Teus beijos suculentos
Texturas de desejos
Tu dás em outras bocas
Insanas e loucas;
Beijar-te seria conhecer
O que homens e mulheres
Quiseram um dia te oferecer.

Eu alimento minha ilusão
Com algumas poucas migalhas,
Um meio sorriso, um quase beijo,
Em que meus lábios sedentos
Roçam o canto da tua boca, úmida
Da saliva de outrem.

Mãos que não são minhas
Percorrem teu corpo quente;
Uma espessa barba qualquer
Desliza no teu pescoço,
Enquanto eu fumo de longe
Meu vigésimo primeiro cigarro,
Perturbado pelas espirais.


















Edvard Munch, "Jealousy" (1895)

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