Neste túmulo esquecido
meu cadáver repousa
profanado e enegrecido
sem direito a uma lousa
Jogado aos vermes fui deixado
por aqueles que me amaram;
pelos amigos desprezado
e pelo mundo injustiçado
Pouco a pouco me desmancho
aos pedaços, de ilusões,
exalando o perfume lúgubre
do amor e das paixões
Meu coração amargurado
segue agora parado,
inútil e desgraçado,
por mulheres torturado
Enquanto os ossos não aparecem
e minhas carnes não apodrecem
tenho a amarga companhia
dos vermes que me laceram
Mas uma visita
um drinque me oferece:
é a Morte afinal
a única que não me esquece,
e me pergunta, faceira,
com sua voz derradeira:
"O que vistes da vida,
minha nobre ovelha?
te entregarei a Lúcifer
para arder na grelha!"
Minha resposta a ti, ó Morte,
é que nada vi:
nunca vi sombra de sorte
Mas que eu seja enfim condenado
e pelo diabo queimado,
pois minh'alma está cansada
e da vida, não levo nada.
domingo, 22 de junho de 2014
Rancor
Ares novos trazem a esperança
de viver cálidos romances;
mas o fracasso vem logo à lembrança
e a solidão volta a mostrar suas nuances.
de viver cálidos romances;
mas o fracasso vem logo à lembrança
e a solidão volta a mostrar suas nuances.
Rendição
Vivo dizendo que te odeio
Mas a verdade é que te desejo,
Quero afogar-me em teu seio
Apertar-te contra meu peito
Largar-te sedenta em meu leito
E por fim dar-te um beijo
Por mais que me cause repulsa
Tua carne fogosa,
Em momentos a paixão convulsa
Renasce fervorosa
De tal modo ardilosa,
Que se torna venenosa
Invade meu pensamento
E retoma meu tormento,
Ateando fogo à minha amargura
Que em brasa eu deixara
Exumando a tortura
Que resoluto eu enterrara
E tu com este olhar
Destinado a me provocar,
O aroma de tuas madeixas
Calando minhas queixas...
Teu corpo é um paraíso
Do gozo e do riso!
Não tenho mais esperança de resistir
Ao teu feitiço mortal,
Só quero agora ouvir
Teu ronronar imoral,
Quero em teus braços cair,
Queimar-me no teu calor infernal
Enfim, tomei minha decisão
Consumaremos de vez essa atração,
Meu corpo ao teu apertado
Numa sinfonia de gemidos
De beijos e libidos,
Teus lábios nos meus
Num ritual pagão
Dois corpos ateus
Rendidos à paixão
Num olhar de ternura
Sinto que a mim estás unida,
Onde deixamos esquecida
Nossa amarga amargura
Em nossa jovial aventura
Preenchemos a solitude,
E num esgar de loucura
Atingimos a plenitude.
Mas a verdade é que te desejo,
Quero afogar-me em teu seio
Apertar-te contra meu peito
Largar-te sedenta em meu leito
E por fim dar-te um beijo
Por mais que me cause repulsa
Tua carne fogosa,
Em momentos a paixão convulsa
Renasce fervorosa
De tal modo ardilosa,
Que se torna venenosa
Invade meu pensamento
E retoma meu tormento,
Ateando fogo à minha amargura
Que em brasa eu deixara
Exumando a tortura
Que resoluto eu enterrara
E tu com este olhar
Destinado a me provocar,
O aroma de tuas madeixas
Calando minhas queixas...
Teu corpo é um paraíso
Do gozo e do riso!
Não tenho mais esperança de resistir
Ao teu feitiço mortal,
Só quero agora ouvir
Teu ronronar imoral,
Quero em teus braços cair,
Queimar-me no teu calor infernal
Enfim, tomei minha decisão
Consumaremos de vez essa atração,
Meu corpo ao teu apertado
Numa sinfonia de gemidos
De beijos e libidos,
Teus lábios nos meus
Num ritual pagão
Dois corpos ateus
Rendidos à paixão
Num olhar de ternura
Sinto que a mim estás unida,
Onde deixamos esquecida
Nossa amarga amargura
Em nossa jovial aventura
Preenchemos a solitude,
E num esgar de loucura
Atingimos a plenitude.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Carta nunca lida de um escritor bêbado
Me lembro de você todas as madrugadas, quando olho para o lado vazio que costumava ser a tua parte da cama, do lado da janela; pois você nunca cansou de reclamar do fedor do meu cigarro antes de dormir, precisava abrir a maldita janela. Me lembro de você pela manhã, quando levanto e o café não está na mesa, apenas as minha guimbas e uma ou duas garrafas vazias, lembranças da noite passada em claro. Você sempre me alertava sobre o perigo de trocar o leite morno matutino pelo brandy ameno que despertava minha corrente sanguínea.
Recordo como se fosse ontem o dia que uma garrafa de gim minha se quebrou no assoalho do teu carro novo. Você xingou e praguejou todas as gerações passadas e futuras da minha família, enquanto eu lamentava cada miligrama perdida daquele elixir alcoólico. Você me esbofeteou e eu comecei a levantar tua blusa e acarinhei tua barriguinha bastante saliente. Transamos ali mesmo. Senti o cheiro do gim nos teus cabelos durante dias e dias.
Esse mesmo carro tive que vender pra pagar o empréstimo do banco e limpar meu nome que a cambalacheira da tua mãe sujou. Mas eu nem o usava mais, a gasolina está os olhos da cara e eu não estou aqui para sustentar merda de governo nenhum.
Me lembro de você defendendo o governo. Dizia que o governo nada tinha a ver com o aumento no preço do cigarro e da bebida. E eu te dizia: " Se o governo não tem nada a ver com essa patifaria, quem tem? Dionísio?
Você defendia muita gente, eu me lembro. Me defendia quando a tua mãe me chamava de bêbado. Defendia o nosso filho quando ele apanhava no colégio. ( Nosso garoto hoje é homem feito, quase dois metros de altura, magrinho, tadinho. Anda nessa moda de só comer mato, é vegetariano, coitado. Diz que verdura faz bem à saúde; replico que sexo é que faz bem à saúde, ele ri ).
Nunca mais publiquei um livro sequer desde que você foi embora. Não tenho paciência nem ânimo pra bater à máquina ideias sem razão, como esta carta, que você nunca lerá. Tenho passado meus dias a fio, embora você não tenha perguntado. Vez ou outra o Quincas vem aqui jogar truco, mas ultimamente ele anda com umas ideias tão bestas que dá dó, nem dá vontade de mandá-lo entrar, nem de jogar. Jogo besta!
Pois é. Quem sabe um dia esbarro contigo pelas esquinas da vida. Eu não mudei nada, eu acho. Não se esqueça de me chamar quando topar comigo.
Posso não lhe reconhecer mais.
Recordo como se fosse ontem o dia que uma garrafa de gim minha se quebrou no assoalho do teu carro novo. Você xingou e praguejou todas as gerações passadas e futuras da minha família, enquanto eu lamentava cada miligrama perdida daquele elixir alcoólico. Você me esbofeteou e eu comecei a levantar tua blusa e acarinhei tua barriguinha bastante saliente. Transamos ali mesmo. Senti o cheiro do gim nos teus cabelos durante dias e dias.
Esse mesmo carro tive que vender pra pagar o empréstimo do banco e limpar meu nome que a cambalacheira da tua mãe sujou. Mas eu nem o usava mais, a gasolina está os olhos da cara e eu não estou aqui para sustentar merda de governo nenhum.
Me lembro de você defendendo o governo. Dizia que o governo nada tinha a ver com o aumento no preço do cigarro e da bebida. E eu te dizia: " Se o governo não tem nada a ver com essa patifaria, quem tem? Dionísio?
Você defendia muita gente, eu me lembro. Me defendia quando a tua mãe me chamava de bêbado. Defendia o nosso filho quando ele apanhava no colégio. ( Nosso garoto hoje é homem feito, quase dois metros de altura, magrinho, tadinho. Anda nessa moda de só comer mato, é vegetariano, coitado. Diz que verdura faz bem à saúde; replico que sexo é que faz bem à saúde, ele ri ).
Nunca mais publiquei um livro sequer desde que você foi embora. Não tenho paciência nem ânimo pra bater à máquina ideias sem razão, como esta carta, que você nunca lerá. Tenho passado meus dias a fio, embora você não tenha perguntado. Vez ou outra o Quincas vem aqui jogar truco, mas ultimamente ele anda com umas ideias tão bestas que dá dó, nem dá vontade de mandá-lo entrar, nem de jogar. Jogo besta!
Pois é. Quem sabe um dia esbarro contigo pelas esquinas da vida. Eu não mudei nada, eu acho. Não se esqueça de me chamar quando topar comigo.
Posso não lhe reconhecer mais.
terça-feira, 10 de junho de 2014
Danação
Hai - Kai
Voluptuosa como uma aranha, tu danças
Conseguindo suspiros e olhares desejosos.
Só de mim que arrancas lágrimas.
Conseguindo suspiros e olhares desejosos.
Só de mim que arrancas lágrimas.
Lembrança de uma quimera
Já faz um ano
Do dia em que me preparei
Para declarar meu amor insano
A você, que nunca esquecerei
365 dias de saudade
Do teu afeto, que só em meu coração
Encontrou asas para a liberdade
E jardins floridos para a paixão
Sonhava com o encontro
Dos nossos corações,
Ou, ao menos, de nossas bocas,
Mas foram todas quimeras loucas
Que invadiram minha mente em turbilhões,
E que o tempo se esquece
De deixar que eu esqueça
Sei que você não gosta de romance,
Mas acho que sou assim,
Se não tivemos a chance de ficar juntos,
Não é culpa minha nem sua, enfim,
Foi obra do infame destino
Que não permitiu que dois amigos
Se unissem num só desatino
Os erros que cometi
Não digo que foram sem querer
Seria hipocrisia descarada.
Com eles, muito sofri
Pois traí meu sentimento
E traí sua confiança
Ralhando coisas sem fundamento,
Agindo como criança.
Mas, depois da tempestade
Vem a esperada bonança,
Espero que você guarde
O que foi bom da minha esperança,
Jogue fora o que restou
O que passou, passou,
Não vale a pena remoer
O que o destino luta pra esquecer
Minha linda, você ainda é muito nova
Para absorver meus sentimentos,
E eu, velho demais
Para entender seus relacionamentos
Deixemos o tempo correr devagar,
Quero somente da tua amizade desfrutar
Porém, quem sabe, no futuro que está para chegar
Nossas vidas possam, enfim, se cruzar?
Do dia em que me preparei
Para declarar meu amor insano
A você, que nunca esquecerei
365 dias de saudade
Do teu afeto, que só em meu coração
Encontrou asas para a liberdade
E jardins floridos para a paixão
Sonhava com o encontro
Dos nossos corações,
Ou, ao menos, de nossas bocas,
Mas foram todas quimeras loucas
Que invadiram minha mente em turbilhões,
E que o tempo se esquece
De deixar que eu esqueça
Sei que você não gosta de romance,
Mas acho que sou assim,
Se não tivemos a chance de ficar juntos,
Não é culpa minha nem sua, enfim,
Foi obra do infame destino
Que não permitiu que dois amigos
Se unissem num só desatino
Os erros que cometi
Não digo que foram sem querer
Seria hipocrisia descarada.
Com eles, muito sofri
Pois traí meu sentimento
E traí sua confiança
Ralhando coisas sem fundamento,
Agindo como criança.
Mas, depois da tempestade
Vem a esperada bonança,
Espero que você guarde
O que foi bom da minha esperança,
Jogue fora o que restou
O que passou, passou,
Não vale a pena remoer
O que o destino luta pra esquecer
Minha linda, você ainda é muito nova
Para absorver meus sentimentos,
E eu, velho demais
Para entender seus relacionamentos
Deixemos o tempo correr devagar,
Quero somente da tua amizade desfrutar
Porém, quem sabe, no futuro que está para chegar
Nossas vidas possam, enfim, se cruzar?
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