Neste túmulo esquecido
meu cadáver repousa
profanado e enegrecido
sem direito a uma lousa
Jogado aos vermes fui deixado
por aqueles que me amaram;
pelos amigos desprezado
e pelo mundo injustiçado
Pouco a pouco me desmancho
aos pedaços, de ilusões,
exalando o perfume lúgubre
do amor e das paixões
Meu coração amargurado
segue agora parado,
inútil e desgraçado,
por mulheres torturado
Enquanto os ossos não aparecem
e minhas carnes não apodrecem
tenho a amarga companhia
dos vermes que me laceram
Mas uma visita
um drinque me oferece:
é a Morte afinal
a única que não me esquece,
e me pergunta, faceira,
com sua voz derradeira:
"O que vistes da vida,
minha nobre ovelha?
te entregarei a Lúcifer
para arder na grelha!"
Minha resposta a ti, ó Morte,
é que nada vi:
nunca vi sombra de sorte
Mas que eu seja enfim condenado
e pelo diabo queimado,
pois minh'alma está cansada
e da vida, não levo nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário