É a noite o devaneio
das almas suplicantes,
que mantêm um anseio
em seus corações errantes
É a noite o vício
na penumbra embalado,
que abafa o suplício
do coração apaixonado
É a noite a tragada
da fumaça vital,
que a paixão destroçada
fez chegar ao final
É a noite a rosa
embebida em licor,
que de tão cheirosa
me negou seu amor
É a noite o gim
do copo vazio,
que bem no fim
te deixa com frio
É a noite o calor
do conhaque fervendo,
que cai com frescor
na garganta ardendo
É a noite o amargor
do uísque barato,
que ulcera o amor
roído pelo rato
É a noite o inverno
do gelo do amor,
que é o inferno
e a chama da dor
É a noite o dia
que raia lá fora,
uma manhã fria:
vou-me embora.
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