Você, que se senta ao meu lado,
beba comigo, façamos um brinde
aos nossos sonhos desfeitos.
Viremos a taça de uma só vez
purgando a amarga desfaçatez
que nos maltrata o coração
Vamos, sorria meu amigo
que hoje eu lhe convido
para nos embriagar,
ironizemos as cabrochas
que nos fizeram de trouxas
e estão por aí a vagar
Não importa quanto tempo esperemos
Não importa quantas mulheres queremos,
são todas iguais
fúteis, banais,
prontas para nos iludir e,
sem pensar duas vezes, trair
Fume, mantenha aceso teu cigarro,
veja as espirais da fumaça
amenizarem tua desgraça
nesta hora de torpor,
aproveite, que o bar já vai fechar
e aqui não poderás mais ficar
Ande por todas as ruas
que um dia foram tuas
e que agora são fel;
esqueças junto a outras mulheres
aquela que ainda queres
com um amor tão cruel
Não importa o quanto sofreremos
Não importa o quanto choraremos,
elas não se importarão;
almas vazias de sentimento
prolongarão este sofrimento
enquanto sentirmos paixão
Ao final, vá para casa,
não há nada como o lar
para esquecer de vez alguém
que não se deveria amar;
leia um bom livro
ao som de um gramofone a chiar
Faça com que tua dor
seja teu maior valor,
tenha coragem e esperança
e no sorriso de uma criança
encontre forças para viver bem
não amando a mais ninguém.
Pintura: "O Grande Bar", óleo sobre tela de Alberto Sughi
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