segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A coita do coito

     Estamos sós num quarto escuro daquele motel, no centro, com cortinas roxas desbotadas. Fomos parar ali da mesma forma como ela apareceu: do nada. Quando me dei conta, estava estirado na cama, com ela montada em cima de mim berrando feito uma cabra sem nem saber o motivo. O cigarro estava quase queimando meu dedo, não me lembro de tê-lo acendido. Ela deve ter acendido pra mim, Camel, a marca que ela gostava. Os meus eram Carlton, e já haviam acabado.
     Calor insuportável. O ventilador, inútil, quase parando. Cheiro de esperma, talvez meu. Será que eu gozei? Os peitos dela balançavam numa velocidade erótica, exótica, pra-cima-pra-baixo-pra-cima-pra-baixo. Ela gemia e eu pensava “essa gorda vai me foder”. Casada, mas sem filhos – menos culpa – balzaqueana e gostosa. Marido mais velho, obsessivo e broxa.
                   Eu trabalhava pra ele.
     Ela gozou, se contorceu como uma louca, cuspindo nos peitos, mandando eu lamber. Aqueles cem quilos me matavam de tesão. Peitos grandes, macios por natureza. De repente ela me tira de dentro dela, se afasta e acende um cigarro. Senta no criado mudo, pernas abertas, a vagina ainda escorria o licor daquele corpo farto.
     “Tira esse esmalte do pé”, digo. Gosto de unhas naturais. Ela calçava 35, seus pés pareciam pequenos pães.
     Assim que acabou de fumar, ela vestiu-se e foi arrumar o cabelo no espelho trincado. Eu gostava dela de verdade. Essas mulheres vêm e vão, fodem quando querem, com quem querem, e acham que não deixam rastros em ninguém. Independentes, elas dizem que são. Ela vai embora assim como chegou: do nada. Sua ninfomania deixa um vazio palpável em meu espírito.
     Acontece que espíritos não fodem. São fodidos.  














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