terça-feira, 28 de julho de 2015

Alva Musa

Alvo é o tom da macia tez
Que recobre o corpo delineado,
Desde a porcelana do nobre rosto
Ao contorno dos pés nus e lascivos

Essa mulher tem o mundo em si;
Exala o mal do amor quando fuma,
A envolver seus amantes com as espirais
Que saem fervendo do calor de sua boca

Com a parcimônia de um cisne
Ela anda sobre as longas pernas,
A procurar coisas que não têm nome
Destilando prazeres que não se creem

Dentro do olhar de gata mansa,
Repousa um rio inconstante
Que inunda sua face serena
Quando transborda por amores

Em meus devaneios alcoolicos,
Me imagino a beijar-lhe os seios
Tão rijos quanto meu desejo
Tão perfeitos quanto sua cintura

É mistério o sabor de seus lábios,
Bem como a textura da relva discreta
Que numa planície quente e secreta
Se estende no infinito de seu gemido.



sábado, 18 de julho de 2015

Erosão

Quando desceste de teu pedestal
De deusa exilada na Terra,
Teus ácidos olhos oceânicos
Banharam-me por inteiro,
Inundando meus olhos tristes
De brônzea solitude.

Teu alvo sorriso foi alvorada
A iluminar-me com ternura,
A aquecer meu peito gélido
Com teu brilho de astro
Universalizado e infinito,
Pueril como a minha conduta.

Orbitava ao redor dos teus seios,
Macios como o suave organdi
Que recobria teu relevo lascivo;
Liquefazia-me em agridoce volúpia
A afogar-me interna e externamente
Nas águas turvas da tua vagina.

Quando viraste poeira cósmica
Entre meus lençóis amarrotados,
O pó do teu rosto tocava minha face
Como as lágrimas de uma viúva
Que de tanto amar, desfez-se
No mesmo pó com que fora criada.





sábado, 4 de julho de 2015

Fumando Esperas

Numa madrugada qualquer, daquelas
Em que não se encontra a mínima paz,
Acabo te encontrando solitária;
Alma acesa e cigarro a palpitar
Junto ao poste de luz da tua rua,
A olhar para mim entre as espirais.

Rua que é tua tanto como eu,
Que inutilmente ainda escrevo versos
Inspirados por tua sordidez
Deliciosa de esculpido tesão,
Cujo licor agridoce não mais
Liquefaz meu paladar tão sedento.