sábado, 18 de julho de 2015

Erosão

Quando desceste de teu pedestal
De deusa exilada na Terra,
Teus ácidos olhos oceânicos
Banharam-me por inteiro,
Inundando meus olhos tristes
De brônzea solitude.

Teu alvo sorriso foi alvorada
A iluminar-me com ternura,
A aquecer meu peito gélido
Com teu brilho de astro
Universalizado e infinito,
Pueril como a minha conduta.

Orbitava ao redor dos teus seios,
Macios como o suave organdi
Que recobria teu relevo lascivo;
Liquefazia-me em agridoce volúpia
A afogar-me interna e externamente
Nas águas turvas da tua vagina.

Quando viraste poeira cósmica
Entre meus lençóis amarrotados,
O pó do teu rosto tocava minha face
Como as lágrimas de uma viúva
Que de tanto amar, desfez-se
No mesmo pó com que fora criada.





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