terça-feira, 5 de agosto de 2014

Da Futilidade de Aracne

Aracne, exímia tecelã,
de vários olhos sua face
é dotada, porém num fútil afã,
se permite falsificar num desenlace
de paixão e cegueira vãs.

Quão borbulhante é o despontar
para uma nova vida de esplendor.
Nestas bolhas, prismas se fazem notar,
cada qual com seu tamanho e sua cor;
de todos os lados se pode enxergar
uma expectativa e um dissabor:
basta saber qual prisma optar.

Aracne, com seus mil olhos confusa fica,
multiplicando os ângulos de seus próprios
prismas irregulares, e abdica
de pensar com mais sabedoria,
escolhendo com o coração, que lhe sorria
mostrando o caminho mais egocêntrico.

Então Aracne acredita nas falácias
que lhe contam o seu clã;
com o tempo, estas mentiras 
ao correr por suas hemáceas
a tornam propriamente uma arguta canastrã.

A humanidade de Aracne fica presa em sua teia
dando lugar a um bestial comportamento,
o lugar cativo das amizades escasseia
pois no seu coração só há um pensamento:

O pensamento hedonista da luxúria,
que às gargalhadas enevoa sua mente;
causa aos outros clãs fúria
o que hoje se tornou a Aracne decente

Uma aranha venenosa, eis o que restou
daquela que outrora fora uma bela mulher,
cujo perfume inebriava as gentes,
hoje enoja e ninguém quer.

A borbulhante juventude tem prazo
rigoroso, Aracne não se recorda
nem aceita este real fato,
e hoje bem me comprazo
em conjeturar seu fim amargo,
pois na lama em que hoje chafurda
ficará para sempre ao largo.









Nenhum comentário:

Postar um comentário