quarta-feira, 17 de junho de 2015

As Above So Below

Céu e Inferno podem coexistir no mesmo espaço.

Tal como Sol e Lua, que mesmo estando equidistantes
Vislumbram-se diariamente por alguns instantes.

Cada alma tem seu espelho enigmático do inverso
Refletindo o oposto de si em si própria,
A representar o (des)equilíbrio do universo.

A lágrima que transborda de cada lago sem esperança
Em sua ambiguidade carrega o peso e a leveza
Ao destilar na mesma maré alegria e tristeza,
Irrigando o rosto triste que espera a bonança.

A doce mulher que hoje sorri com brandura
Amanhã agirá com refinado egoísmo
Não escondendo sua natureza leviana,
Envernizada com o rutilante lirismo
Que recobre seu corpo ornado de loucura.

Para cada sorriso largo há duas perturbações
A priori e a posteriori do efêmero contentamento :
A angústia, tanto em alcançar este desejo onírico
Quanto por tê-lo perene apenas no pensamento;
O Inferno está, pois, nos extremos das libações.

A alma astuta convive em plena harmonia
Com os conflitos de sua dicotomia interior
E sabe exteriorizar sem dissabor,
Com parcimônia, toda a dor da alegria.

Sabe entregar-se à morte a alma resignada;
Disciplinada, segue sem olhar para trás
O caminho que sobriamente traçou em sua jornada.

O Céu é, pois, a promessa de um regozijo futuro
Para os pecados já redimidos de outrora.

O Inferno é o agora.

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