quinta-feira, 29 de maio de 2014

Perfídia

Quando a noite recai sobre o mundo
em cores secas e cruas
relembro um sentimento profundo,
e de tantas faces que são tuas

Brindo com ar à tua leviandade
vazia como esta taça a reluzir;
recordo sem saudade minha mocidade
que tu docemente consumiste a sorrir

Tua mente vivia sempre trancada,
bem como teu pérfido coração;
tua voz saía amarga e abafada
quando te falava sobre minha paixão

Nunca saberei com certeza
qual de tuas faces me fitava
quando eu elogiava tua beleza
enquanto do teu corpo provava

As tuas mãos pequenas e frias
arrepiavam-me até os cabelos,
nelas residiam minhas fantasias,
minhas ilusões e meus desejos

Agora descobri quem tu eras de verdade;
nos teus meandros escondias algo falso
enevoando meus olhos com sensual vaidade:
tuas mentiras estavam sempre em meu encalço

Então, hoje me despeço da tua presença,
recomeçando a procurar um alguém
que acenda em mim esperança
e resignação, se não encontrar ninguém. 


















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