terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Enfim, o fim

O fim de qualquer coisa é somente um átimo.
Como todas as mortes rápidas, que introduzem o ser na morte num suspiro.
Mas a dor da perda dura para sempre, perde a intensidade com o passar dos anos como numa função exponencial, cada vez menos intensa, mas sempre presente, nem que seja na simples recordação de um sorriso.
 A angústia que se tem quando um sentimento é rejeitado desde o princípio, hoje se mostra para mim menos intensa que um sentimento que oscila entre a reciprocidade e a frieza de uma mulher.
 Um epílogo, quando é imposto, torna-se mais terrível do que quando vem naturalmente com o vento.
Sempre lembrarei ternamente do seu riso largado todas as vezes que eu dizia algo sem sentido somente para entretê-la, devido à minha alma de palhaço. Porque o pierrot que habita em mim ainda chora.
A fumaça do teu cigarro sujo de batom ainda me envolve, penetrando meus poros, em sinestesia.
Teus cabelos, compridos, infinitos, me envolviam como fios de ouro naquela canção de outono, que eu ouvia da tua boca agridoce.
Nosso fim parece ter sido injusto, desleal. Porém, necessário, como a morte.
Parar no auge, para ter mais lembranças boas do que ruins para degustar a partir de agora.
Espero que possamos seguir nossos caminhos em paz. Porque o que nós mais precisamos é justamente isso: paz de espírito, que, até agora, nós não temos.

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