sábado, 16 de maio de 2015

Destilação

Me pergunto com mórbida frequência
Em que paragens teu corpo descansa,
Em quais alcovas tu buscas vingança
Para saciar tua sutil eloquência

Teus cabelos negros antes compridos
Agora são curtos como a distância
Que separa tua brutal rutilância
Dos meus desejos tão logo esquecidos

Tenho-te perto do corpo, porém
Tão longínqua da alma, que já foi tua
E hoje já não é de mais ninguém

Outra vez desejo sentir teu sabor
Fresco, da tua silhueta nababesca;
Cuja lembrança só me causa dor.


















Louise Brooks, anos 1920.

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