sexta-feira, 8 de maio de 2015

Devoção

Venero-te como quem venera uma deusa;
Muito embora tu não repares em meu culto
E tomes meus versos insanos como insulto;
Admiro do teu sorriso a curva reclusa.

Esta distância amarga que a mim impuseste,
Esnobe, própria de ti, que me tem na cama
Por pura vaidade, para sermos amálgama;
Dois corpos febris feitos de bruma celeste.

Em minhas narinas ainda sinto ardente
A fumaça solitária dos teus cigarros
Mesclada ao teu perfume agridoce e iludente.

A sombra silente do teu corpo sinuoso
Vejo-a turva ao se afastar da minha nudez
Que ainda é parte do teu ventre saudoso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário